terça-feira, 8 de maio de 2007

O Governo extra-partidário de João Crióstomo,

Após 28 dias de crise governamental, João Crisóstomo, apoiado pela Liga Liberal de Augusto Fuschini, foi nomeado para chefiar um governo extra-partidário.

A constituição deste governo foi bastante heterogéneo composto por personalidades de grande relevo. O octogenário João Crisóstomo acumulou a chefia do governo com a pasta da guerra.

António Cândido, transmontano de Amarante, conhecido como a "Águia do Marão" em clara alusão aos seus talentos oratórios, doutorado em Direito e Teologia, pertencia ao Partido Progressista, foi atribuída a pasta do Reino, tradicionalmente a pasta mais importante, muito embora a actualidade dominada pela "questão inglesa", tenha feito sobressair outras.

António Enes. lisboeta, formado no Curso Superior de Letras, foi um político, jornalista , escritor e administrador colonial português, que se destacou em Moçambique, dele se pode dizer hoje ser de certo modo um "ideólogo"da União Europeia, pois já em 1870 havia defendido a criação dos Estados Unidos da Europa, embora a sua preocupação principal, fosse o temor de Portugal ser absorvido pela Espanha.Foi nomeado Ministro da Marinha e Ultramar

Foi membro destacado do Partido Histórico e da Maçonaria, tendo aderido após o Pacto da Granja à causa Progressista , ficando como redactor principal do jornal "O Progresso", afecto aquele partido.

Tomás Ribeiro, beirão,exerceu advocacia durante algum tempo, cedo enveredando pela carreira política, que desenvolveu a par da sua carreira literária. Castilho chegou a considerá-lo superior a Luís de Camões.Foi-lhe atribuída a pasta das Obras Públicas.

Para José Vicente Barbosa du Bocage,madeirense, médico, filho dum primo do poeta, a importante pasta dos Negócio Estrangeiros. Curiosamente deixou a prática da Medicina, para se dedicar ao estudo da Zoologia. Já havia tido experiência anterior atendendo a que Fontes Pereira de Melo, lhe havia atribuído em 1883 a pasta da Marinha e Ultramar.

A pasta da Fazenda foi entregue a José de Melo Gouveia, com larga experiência governativa em elencos presididos por Duque de Ávila, a ele se deveu o patrocínio da expedição a África de Serpa Pinto, Capelo e Ivens, muito embora apenas tenha estado em funções menos de um mês, sendo substituído por Mariano de Carvalho

António Emílio Correia de Sá Brandão na justiça, jurista e maçon, fechava o elenco, apresentava largo curriculum como deputado e governador civil de Coimbra.

Este novo governo começou por repudiar o tratado de 20 Agosto, mas o desenrolar dos acontecimento mostrará que a questão do relacionamento com a Inglaterra, era um caso difícil de contornar. Existia sempre a temor dum ataque da South African Company, impor a lei da força e em definitivo anexar as nossas possessões.


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