sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Acontecimentos no ano de 1898

  • Remodelação Governamental

O governo de José Luciano de Castro, não veio acalmar as hostes dos Progressitas, há muito que as jovens figuras , entre as quais José Maria Alpoim Cabral, aspiravam a lugares de destaque.

Alpoim Cabral,advogado e já deputado, não tinha sido convidado para o governo, empossado no ano anterior atendendo à preferência que Luciano de Castro havia tido pelo progressistas mais velhos para a formação desse seu governo. Muito embora tenha sido nomeado ajudante do procurador-geral da Coroa, não ficou satisfeito, acabando por entrar numa remodelação de governo em 18 de Agosto de 1898 na qual só Veiga Beirão se manteve, muito embora substituído por Alpoim na Justiça, mas transitando para os Estrangeiros.

Afonso Espargueira para o lugar de Ressano Garcia na Fazenda. Entrada de Sousa Teles para a Guerra e Eduardo Vilaça para a Marinha e Ultramar e Elvino de Brito para as Obras Públicas e Comércio.

Com esta remodelação, o governo diminuí substancialmente a sua média etária, tornando-se mais jovem muito embora os problemas sejam "velho" e de difícil resolução, que só viria a melhorar um pouco na Primavera do ano seguinte, por força da melhoria da situação no Brasil, e a normalização das remessas dos emigrantes e ao que se sabe por força dos bons ofícios da Inglaterra intercedendo por Portugal nas praças europeias financeiras.


  • Janeiro,28-Morte de Roberto Ivens.

Oficial da Marinha de Guerra portuguesa e explorador da África Meridional.
Chefiou em Angola expedições no Sul da então colónia portuguesa com base na baía dos Tigres e no curso do rio Zaire

Em 1877, com Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto, o primeiro também oficial da Armada e o segundo oficial do Exército, explorou os territórios entre Angola e Moçambique, explorando as bacias hidrográficas dos rios Zaire e Zambeze, expedição essa que terminou em 1880.

Depois, com Hermenegildo Capelo e em 1884/85, partiu de novo de Angola para Moçambique (Tete), expedição esta que os dois repetiram.
Estas expedições, para além de terem permitido fazer várias determinações geográficas, colheitas de fósseis, aves, colecções botânicas, permitiram também servir para a defesa da presença portuguesa nos territórios explorados e reivindicar os respectivos direitos de soberania (mapa cor-de-rosa) que a Inglaterra não aceitou e que provocou o Ultimato de 1890.

(nota retirado de Vidas Lusofonas)

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  • Abril,22-Publicação no Diário do Governo dos estatutos da Companhia União Fabril -- CUF -, surgida pela fusão da Companhia Aliança Fabril com a União Fabril.
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A Companhia União Fabril (CUF) foi um dos principais grupos económicos portugueses até ao 25 de Abril. A sua fundação deve-se especialmente à acção de Alfredo da Silva, figura excepcional no panorama industrial português.

A CUF expandiu-se a vários ramos da indústria, desde os sabões, adubos químicos, sulfatos, fundição, construção de navios, transportes, tabacos.

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  • Maio, 20 - Inaugurado o Aquário de Algés integrado nas comemorações de Vasco da Gama.

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Na sequência das comemorações em Lisboa do 4º centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para Índia o Aquário Vasco da Gama foi inaugurado a 20 de Maio de 1898 , numa cerimónia de grande impacto público, na presença da Família Real e numerosas individualidades da época.

Na altura da inauguração o Rei D. Carlos, cuja influência havia sido determinante para a edificação do Aquário, realizou numa das suas salas uma exposição com o material zoológico por ele recolhido nas campanhas oceanográficas de 1896 e 1897.

Findas as festas das comemorações, ficou o Aquário sendo propriedade do Estado. Em Fevereiro de 1901, a sua administração foi entregue à Marinha, onde permanece até hoje como organismo cultural.

(ver site do Aquário )

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  • Agosto,30-Alemanha e Inglaterra assinam contratos secretos sobre os territórios portugueses do ultramar.
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No contexto da guerra Espanha-Estados Unidos e que relatarei noutro contexto a Grã-Bretanha manteve-se neutral,( bem como Portugal) embora numa posição muito próxima dos Estados Unidos.

Porém em plena conjuntura dessa guerra decorreram negociações entre a Inglaterra e a Alemanha, que resultaram nesta convenção de 30 de Agosto, onde ambas admitiram a partilha dos domínios coloniais portugueses a Sul do Equador, se Portugal não conseguisse cumpri as suas responsabilidades para com a dívida externa.

Acontecimentos estranhos nomeadamente o início da guerra anglo-boer, viria a alterar esses planos conduzindo ao reforço do Tratado de Windsor que renovava mais velha aliança europeia, viria dissipar aquela ameaçadora intenção.

É possível que o governo português tenha tido conhecimento deste convénio secreto, pois declinou a oferta de um empréstimo conjunto de capitais ingleses e germânicos (Pedro S. Martinez, História diplomática de Portugal, Lisboa,

Penso contudo que mais uma vez, salvar as aparências foi o objectivo. Esta recusa não excluí a hipótese de indirectamente a Inglaterra tenha influenciado os mercados financeiros, porque o empréstimo externo existiu mesmo.

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